quinta-feira, 23 de outubro de 2008

VIVER NÃO DÓI

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intensoe que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz.

Sofremos por quê?
Porque automaticamente esquecemoso que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projecções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido juntos e não tivemos, por todos os shows e livros e silênciosque gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos.

Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.Sofremos, não porquenosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livresque deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos, não porque nossa mãe é impaciente connosco,mas por todos os momentos em quepoderíamos estar confidenciando a elanossas mais profundas angústiase ela estivesse interessadaem nos compreender.

Sofremos, não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendoconfiscado de nós,impedindo assim que mil aventurasnos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos enunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,mais me convenço de que odesperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento,faz perder também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional.


(Carlos Drummond de Andrade)

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro esse texto!